domingo, 26 de agosto de 2007

Concurso

No município de Amarolândia, a prefeita lançou um concurso nas últimas horas deste domingo (26). Por lá, são comuns essas seleções. O diferente é que agora há somente uma vaga. E já fofocam pela cidade que só um candidato está apto para a disputa. O boato deve causar conflito na região, mas a prefeita tem fama de não negociar com manifestantes. Bem humorada, ela conta que a função e o salário serão mantidos em sigilo. O candidato escolhido só ocupará o cargo se constatar que está de acordo com a Constituição do Amor Brasileiro.


Será levado em conta o homem que:
1) melhor abrir a porta do carro para a prefeita
2) deixá-la o dia inteiro de orelha a orelha
3) nas manhãs de domingo, souber deixá-la linda com apenas um toque
4) o candidato que com mais perfeição deixar a prefeita ler os seus pensamentos a exatos 13 km de distância
5) melhor descrever os seus sonhos
6) melhor arrumar o cabelo da prefeita com os dedos da mão direita
7) melhor fazer o sangue da prefeita circular
8) melhor fazê-la relaxar depois de um dia cansativo de trabalho pelo bem do povo
9) melhor aconchegá-la durante o sono
10) prepará-la eficazmente todos os dias antes de ir para a sede do Governo Municipal
11) for capaz de mostrar que é muito melhor do que qualquer exigência prevista neste edital.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Hoje eu estava com uma blusa que os botões não falavam, eram mudinhos da silva. Parei em um posto de combustível, e um amigo me avistou de longe. O dicionário diz que esse amigo é entusiasmado, arrebatado, apaixonado, extravagante. É claro que eu tirei as coisas ruins que o dicionário falou dele. Veja aí o reencontro:

Amigo
- Ei, ei! Ela me conhece!!! (disparou para o frentista e correu em minha direção todo serelepe)
- Oi, fia! Tu lembra de mim?

Eu
- Lembro, claro!

Amigo
- Viu, viu! Ela me conhece.
- Eu sou o Edivan... Eu estou andando sozinho agora, sabia? sabia?
(e o riso era maior do que o rosto dele)

Eu
- Que bom...

Amigo
- Fia, eu te amo, sabia?

Eu
- Sabia. Eu te amo também.

Amigo
- Fia, fia, tu tem o meu telefone?

Eu

- Não.

Amigo
- Tá aqui, tá aqui ele...

(Me mostrou um aparelho Nokia bem novinho e tirou um monte de papéis do bolso. Em um deles tinha o número do celular, o nome completo e o endereço da casa dele.)
- É esse aqui, fia, anota aí!

Eu
- Vou gravar no meu celular.
(E gravei toda interessada. Já ele ria tanto que eu não tinha como tirar a minha atenção dele. Mas lembrei do meu compromisso e liguei o carro.)

Amigo
- Fia, fia... E o teu telefone qual é?

Eu
- Ah, claro...
(Aí gravei um número que ele poderia me localizar. Avisei que eu tinha que ir. Ele concordou numa boa e fez sinal de despedida.)

Amigo
-Ah, fia, eu te amo, viu? E me liga...
(Eu já estava distante e só sorri.)


Chegando em casa, lembrei de uma frase que diz “Para amar, basta sentir. Não é preciso explicação, nem justificativa, nem motivo. O amor é simplesmente o amor.” (tirada do livro O Preço de Ser Diferente)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Conversa com os botões

Hoje eu estava com uma blusa toda florida e cheia de botões. E não é que os botões começaram a conversar? Olhe só:


Botão 1:
- hoje eu queria que você me deixasse bem longe da minha casinha.

Eu:
- tudo bem, sem problemas, agora mesmo...

Botão 2:
- já eu posso ficar bem grudadinho na minha casinha, mas queria uns dedinhos diferentes tocando em mim logo mais...

Eu
- (fiquei em silêncio, não sabia o que responder).

Botão 3:
- ôouu! acho que o Botão 2 falou alguma besteira.

Botão 4:
- nada disso, eu também bem que queria uns dedinhos diferentes tocando em mim...

Botão 5:
- Deixem de assanhamentos!!! Eu que sempre sou deixado por último posso boicotar vocês, agarrar na minha casinha, ficar bem agarradinho nela e só largar daqui quando algum conjunto de dedinhos me convencer que eu vou sempre ser tocado, girado e desgarrado em primeiro lugar.

domingo, 19 de agosto de 2007

O homem que trocou um sonho por um conto de réis

Em 1816, contam por aí, um homem cheio de virtudes trocou o sonho de um grande amor por um conto de réis. Tinham prometido a ele que com o dinheiro ele teria tranqüilidade pro resto da vida. Ao seu lado, havia uma mulher sem muitos atrativos, porém calma e herdeira de um senhor cheio de contos de réis. Do outro lado da cidadela, morava a mulher dos seus sonhos: bonita, delicada, sábia, sexy e adorada por todo o lugarejo onde ela vivia. Ele adorava a voz, o sorriso, o cheiro, o caminhado, o jeito como ela tocava os talheres, o olhar, a forma como ela tratava as pessoas, e ficava impressionado como ela era capaz de fazê-lo se sentir feliz antes, durante e depois... Porém, ele teve medo. E passou a acreditar fielmente no que tinham prometido a ele. Passou alguns dias pensando, pensando... e decidiu: ia ficar com o conto de réis, garantido pela moça filha de um homem rico da cidadela onde moravam. Os dois ficaram noivos, casaram, tiveram dias felizes, mas logo nos primeiros meses do casamento veio o arrependimento. Mas uma de suas grandes virtudes era ser um homem de palavra firme, então não poderia voltar atrás. Além disso, não teria coragem de magoar a esposa. Mesmo sem trocarem palavras, a mulher do outro lado da cidadela sentia toda a angústia do seu amado, mas ela não teve tempo de dizer a ele que só ao lado dela ele teria a força e a coragem que seriam necessárias caso um dia ele quisesse voltar atrás.
Por quê?

Por quê? Por quê? Por quê? Por que a vida é tão cheia de porquês? Porque sem porque não têm porquês. O bom é saber que em algum lugar há uns porquêzinhos ou porquêzões. Porque não tem graça ser feliz sem por quê. Porque tudo fica lindo quando há aqueeele por quê... E aquele por quê tem um sorriso tão lindo, digno de encher os olhos de porquês... E eu que nunca vi um porquê me fazer tão feliz...

sábado, 18 de agosto de 2007

Sobre os julgamentos (e sobre a 'Carta aos homens')

"Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: não julgar, definitamante não julgar a quem quer que seja" - Chico Xavier

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Carta aos homens

Observo mulheres a minha volta e vejo o quanto elas são fortes e especiais. Umas marcam cerrado nos maridos. Outras morrem de ciúmes dos namorados. Umas os deixam completamente à vontade. Estas confiam no amor que sentem e acreditam que são verdadeiramente amadas. Algumas são mulheres “feminilescamente” amélias, outrora sedutoras, sexys, carinhosas, amigas ou donas da direção. Algumas vezes, fazem tudo o que seus homens querem. E deixam seus homens fazerem tudo o que querem delas. Tudo por amor. Tudo, porque o amor não tem medida, nem peso, nem tamanho. Amam os seus homens com todas as suas forças, mesmo depois de anos de casamento. Eles se sentem felizes ao lado delas, e alguns fazem juras de amor eterno. Quando suas mulheres esfriam, eles remam como os irmãos Grael. A maioria acha que o remédio para qualquer cara feia é fazer tudo que a mulher quer. Sobre essa máxima, ora elas acreditam, e ora elas apenas fingem. E eles nem percebem o quanto elas são capazes de enxergar os seus âmagos e de permanecerem silenciosas. Amélias? Sábias? Ou o quê? As boas atrizes passam dias sorrindo. As que não suportam qualquer tipo de simulação trancam os ferrolhos de suas janelas, colocam os cadeados nas portas e escondem bem escondidinhas as chaves. Os corações ficam feitos rochas diante dos seus homens. E eles, silenciosa ou escancaradamente, se desparafusam. Mas aí a generosidade abre as portas para o perdão. Nos intervalos de abres e fechas, homens fazem promessas: traição nunca mais! Mas, volta e meia, acabam se rebaixando à sensualidade de outra mulher. E, infelizmente, acabam perdendo valiosos pontos para a entrada em um mundo mais feliz. Uns se enchem de culpas. Outros acham que é coisa de homem. Ambos acreditam que não podem mudar. Homens especialíssimos, elegantes, ou simplesmente bons. Homens que são exemplos. Homens com cara de santos. Homens-anjos. Homens sábios. Apaixonados. Vi vários desses. Por uns apostei todas as fichas. E, bingo! não ganhei uma. Mas, um amigo, com cara de anjo, me encheu de esperanças, contou a história de um homem que verdadeiramente vale a pena para a sua mulher. E eu, que tenho que honrar a classe das amélias, tenho obrigação de acreditar.
Skinimarinki

Skinimarinki dinki din
Skinimarinkidu
Te amo (Te amo)
Skinimarinki dinki din
Skinimarinkidu
Te amo
Te amo de manhã
E quando a tarde vem
Te amo à noitinha
Quando a lua vem
também
Skinimarinki dinki din
Skinimarinkidu
Te amo

(Xuxa - do DVD da Maria Fernanda, minha sobrinha)

domingo, 12 de agosto de 2007

Tic-Tac

eu não sei o que fazer com o tempo, então às vezes não faço nada.
parada, silêncio, não ouço nem falo, não me mexo nem mexo.
também não sei pra que inventaram aquilo redondo com aqueles números...
às vezes, gente que também não sabe o que fazer com o tempo faz uns negócios daquele quadrados.
já vi uns deles em paredes.
em cima de redes eu nunca vi... ainda bem, assim fica mais fácil dormir.

não sei se me desligo de todos os mundos
ou se deixo um dos mundos se ligar em mim
não sei se relaxo
ou se faço o meu mundo penetrar em mim.

sábado, 11 de agosto de 2007

Meus cavalos...

Quero ter uma fazenda
E cavalos. Muitos cavalos
Quero viajar sem dia pra voltar
Quero ajudar os pobres a levantar
Quero conhecer o mundo, os povos
As sensações de dor e felicidade
Quero sentir orgasmo
Quero amar, ser amada
Quero poder enxergar as pessoas
e não apenas o meu próprio umbigo
Quero me divertir
Fazer o meu amor rir
Quero sentir o suor do seu corpo cair sobre mim
Quero lhe ouvir chorar
Chorar de amor
Quero sentir o brilho dos seus olhos penetrar a minha alma
Não quero sentir arder o meu fígado!
Só pra você

Vontade de vestir
Vestido mulher
Vestido de beijo

Vestido de vento
Vestido de abraço
vestido de laço

Viro de lado
Ele me olha engraçado
E eu digo não

Digo não
Digo sim
E ele diz que quer um pedaço de mim
Mas o meu vestido eu não tiro não

Ele sorri
Diz que tem dó de mim
E eu não resisto não

O meu vestido ele tira
E com vergonha eu não fico não

Diz que não vai me esquecer
Que quer me entender
Mas eu digo não

Quer comigo viver
Pra todo dia ver
O meu vestido no chão

Mas eu digo não
Mas eu digo não
Mas eu digo não

De vestido ele adora
E eu que dou bola
Pra tanto tesão

Queria esquecer
Mas dele eu não posso não

Conversa de senhoritas

Ô, senhorita Incerteza! Ô, senhorita Dúvida! Por que vocês existem? Desculpem o meu egoísmo, mas por que vocês não me deixam em paz com o meu amor? Ah, tá... então querem que eu acredite que vocês são importantes??? Logo vocês, madame Incerteza e madame Dúvida, que não têm certeza de nada, querem que eu, Senhorita Firmeza, acredite nessa bobagem toda?
Greve não

Preciso de nOs2./ Quero nOs2./ Desejo nOs2./ Respirar nOs2./ Sentir nOs2./ Tocar nOs2./ Beijar nOs2./ Acariciar nOs2./ Pegar nOs2./ Dormir nOs2./ Sonhar nOs2./ Acordar nOs2./ Amar nOs2./ Sempre nOs2./ Sempre nOs2./ Sempre nOs2./ Ainda nunca nOs2.
Só quero...

Hoje sem motivo nenhum decidi desmarcar a minha aula de Inglês... Mas, ora bolas, por que o espanto? Estou de férias e férias são férias... Quero fazer tudo que me der prazer, tudo que me der sede de viver, tudo que me der fome de ser, tudo que não me deixar parar de rir, tudo que me arrepiar, tudo que não me cansar, tudo que me fizer delirar, tudo tudo tudo que me der tudo, tudo que me tocar a língua, tudo que me beijar o cabelo, tudo que me cheirar a nuca, tudo que me apreciar por inteiro, tudo que não seja normal ou igual, tudo que me der desejo, tudo que me der vontade, vontade de querer mais, e mais e mais e mais... não quero saber de contar, nem quero saber de pensar, nem quero saber de calcular, nem de raciocinar... nesse mês não quero olhar pro relógio, nem pra carteira, nem pro amanhã... nesse mês eu só quero viver...

Escrito em junho de 2007.