sábado, 22 de maio de 2010

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Fotos: Flávia Rocha
P.S.: Além das fadinhas, usei uma foto feita por Victor Affaro da estudante Virgínia de Ferrante, capa da revista Galileu deste mês. 

sábado, 3 de abril de 2010



Seis!

Lembro que outro dia minha prima preferida estava indo embora. Pra outro país. Nesse dia, ela tava a moça mais linda da face da terra. O cabelo deslumbrava.  A sobrancelha dela era bem grossa, tipo Malu Mader. Mas deram um jeito em tudo. Suavizaram cada expressão. Realçaram cada pontinho de beleza do rosto dela. Não que não fosse bonita, já era bonita, sim, mas naquele dia qualquer um não se cansaria de olhar pra ela. Lembro do último lugar que a gente foi antes dela partir. Inesquecível aquele dia. Um momento histórico. Único. Inenarrável, indescritível. Só que pensei ter sido ontem, ou antes de ontem, ou, pronto, qualquer dia desses próximos aí. Só que não foi ontem, nem antes de ontem. Também nunca disse ser expert em tempo. Sou uma ruína nisso. O certo é que hoje fiquei sem palavras, boquiaberta, bobalhada. Entrei no tal do Orkut só pra ver onde ela tava morando. E era Salt Lake City, em Utah (um dos 50 estados dos EUA e aquele lugar ótimo pra praticar esqui). 

 Imagem: divulgação

Pronto, era pra eu ir embora e voltar a estudar, naquele minuto. Só que as coisas nem sempre andam como a gente planeja. Primeiro, vi a foto de um recém-nascido. Logo, levantei minha sobrancelha e encolhi meu pescoço pra trás. Depois, umas fotos foram puxando meus olhos pra cada vez mais perto do computador. Aí fui passando, passando, uma a uma. E comecei a contar. Contar cada criança. Um, dois, três, quatro, cinco. Cinco? Mais um que está no Brasil, seis. Seis, gente, seis. Achei aquilo lindo. Porque família grande é tudo. Ter coragem de formar uma assim é mais tudo ainda. Aí fiquei me perguntando quanto o tempo passa, como o mundo dá volta, quanto a nossa vida muda e como é bom estar num lugar e se sentir livre pra fazer a quantidade de coisas que a gente quiser.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sobre "contato imediato" entre outras coisas

Isso não é bem uma música. É um veludo fazendo carinho bem de mansinho no ouvido. De um lado, depois do outro. Todo macio, olha bem fundo nos olhos. Arranca a alma. Sem triscar um dedo. Não sai uma lembrança de dor. Vai assoprando o meu rosto. Hálito com cheiro de paz. Encosta nos cílios. Enxuga, leve, meus olhos. E faço cara de quem vai explodir. Minha garganta ferve. Desce lá pro peito. Tá um vermelho lindo, como nunca em vida ninguém viu. E jorra um sangue bom, limpo, puro. Vai escorrendo, molhando o interior do meu corpo. Deslizando sem pressa. No estado absoluto da calma. E vai invadindo meus poros. Arrepia meus pelos. E vai visitando meu corpo todo, como quem não precisa tocar. Como quem sabe que a gente vai ser só um sempre. E sentir o outro a todo instante, sem toque, como se tivesse longe. Porque no nosso mundo a noção de espaço é diferente. A gente sempre vai estar no mesmo lugar. Mesmo que ninguém veja nada do que a gente vive. A nossa vida sempre foi assim. E às vezes a gente teve que se separar. Como cada um pro seu lugar. Como se a distância existisse. Às vezes, você se perdeu de mim. Mas eu sempre estive lá, quando você chorou, quando você mais precisou. E eu chorei junto com você, sem poder dizer nada. Só ardia o meu rosto, tentando levantar o seu. Com uma força segurando o meu som. Mas eu sempre vi você, sempre senti você, sonhei com você, dormi, acordei, reparti cada pedaço de mim, com você.
Contato Imediato



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


À Deriva

Um filme lindo sobre traição, família, amizade entre filha e pai, dor, perda da inocência, primeira vez, verdades, mentiras, além de coisas que a gente cresce mas nunca entende. E quer saber mais mesm? A trilha é envolvente; a locação (Búzios) deslumbrante; a década narrada é de matar; o elenco desce bem redondinho, até porque adoro não-atores, é que soa tão mais perto da gente, sabe? E é um filme lento, acompanhado de uma capacidade de deixar a gente acordada até de madrugada, ainda ficar com vontade de assistir o making off, com o coração batendo, pedindo pra correr atrás do trailler pra compartilhar aqui, mesmo sabendo que faltam poucas horas pra voltar à vida real.

sábado, 17 de outubro de 2009

Um dia livremente

Mocinho, traga um par de cronópios, com espuma de nuvens, naquele copo de algodão doce, por favor! É que hoje a gente ganhou um dia inteiro, só pra gente. Só pra brincar, olhar, beijar, ofegar, deixar o coração sair pela boca, e dar de presente um pro outro. Só pra gente ter certeza que as nossas incertezas se quebram todas, basta sentir de longe que o outro ainda tá ali, vivinho, pronto pra explodir sob um toque.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mi

Ela nasceu outro dia,
Agora tá ali, toda eu
All Star desbotado,
camiseta verdinha,
bolso saindo florzinha.
O bronzeado é só dela;
e dá gosto de ver: ela lá, esparramada,
enfastiada, toda despachada,

mal sabe ela o poder dessa respiração...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Polêmica sobre as cores

Amor,
confia,
de beginho,
é melhor,
é tudo mais devagarinho.


Polêmica sobre as cores II

Amor,
de vermelho,
é diferente,
tente,
again and again,
várias vezes,
e de novo,
até cansar,
de ver,
meu red,
perfect,
tremer,
na base, covarde, da tua mão.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Meu 1° milhão
Hoje sonhei ganhando meu 1° milhão de reais. Perguntaram o que eu ia fazer com o dinheiro. Não tinha a menor idéia, porque, afinal, a grana era pouca. Pensei uns instantes. A ordem, que lembro, era a seguinte:

1)Investir em poéticas líquidas;

2) Um pequeno negócio inteligente de abalar o mundo;

3) Estruturar minha ONG preferida;

4) Liberdade pro meu amor. Pra ele fazer tudo que desce na telha. Passar o dia treinando estrelinha na areia. Começar a estudar as estrelas. Aprender a tocar guitarra. Sentar no vaso do banheiro e ler até enjoar a obra completa do Cortázar, inclusive toda a coletânea de textos críticos, até tudo que ele escreveu sobre a vida de Edgar Allan Poe. Conhecer os Moinhos de Vento. Viajar pra Paris. Construir um campo de futebol para permanecer pra sempre com as pernas mais lindas do mundo. Dizer o 1° bom dia flor do dia às 10h, 11h ou 12 horas da manhã. Montar um negócio e ficar doido com ele, ao ponto de voltar pra casa de madrugada e não ficar com pena de me acordar, porque queria contar cada detalhe de tudo, porque só eu pra entender dessas coisas. Montar um castelo e fazer uma serenata “surprise” pra mim. Poder escolher no mamãe-mandô se ia ou não trabalhar na segunda de manhã. Dizer, a qualquer momento, pra algum professor, que ele respeita a todos, mas terá que partir, porque, mesmo com toda a sua simplicidade, aquela aula tá um saco. Ser a primeira cobaia da Nikon com a máquina ultra-mega-super-tudo-de-bom que acabou de sair da fábrica. Escrever um livro sobre todas as mulheres da vida dele, incluindo a mais chata, a mais doce, a mais linda, a mais sexy, a mais esperta e a mais nada pra ele. Ir ao céu, fotografar tudo e voltar no mesmo dia, pra publicar o livro das imagens mais curiosas de toda a história da humanidade. Ficar feliz e solto, porque agora ele não precisa mais se preocupar com dinheiro.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Hoje o cineasta João Jardim (Janela da Alma) esteve em Teresina, no auditório do TJ. O seu doc "Pro Dia Nascer Feliz", que há muito é admirado por mim pelos muitos questionamentos sobre a educação no Brasil que ele provoca, foi exibido para professores e outros interessados, através do projeto Seminários para a Adolescência: Conhecer para Educar, desenvolvido pela Secretaria Municpal de Educação.

Nos bastidores, João Jardim me falou que o seu próximo trabalho vai abordar a violência entre os gêneros. Por que homens e mulheres se degladiam tanto e mesmo assim continuam juntos? Por que essa relação de destruição aos poucos só acaba com a morte de um deles? Por que essa necessidade de ferir e perdoar o outro? Essas serão algumas questões levantadas. Jardim disse que a ideia seria produzir um documentário, mas pela dificuldade em conseguir que os personagens topassem gravar, ele optou por fazer um doc drama. Ele tem muitos panos pras mangas. Que saia um novo remexedor de ideias!
Flores,
porque elas falam por elas.

Foto: Flávia Rocha

Riso Danado - 1° Lugar

Foto: Flávia Rocha

Quem ainda não foi ver os trabalhos do 15° Salão de Fotografia de Teresina, na Casa da Cultura (praça Saraiva), a mostra fica aberta ao público até o dia 17 de julho.

Vale a pena ver as 100 fotos selecionadas pelo concurso. Entre elas, a foto acima, vencedora da categoria colorida, que me deixou com um Riso Danado, além do ensaio “Teresinense”, de Brito Júnior, que conquistou o 1° lugar do Prêmio José Medeiros. Neste ano, 86 fotógrafos inscreveram 572 fotos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Minha herança: uma flor
Foto: Flávia Rocha

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sobre o fim da obrigatoriedade

O foco é a sociedade

Antes de se discutir a liberdade de expressão, a forma como saiu a decisão do STF, a legitimidade dos autores da Ação Civil Pública acolhida pelo Supremo, o suposto presente dos militares aos jornalistas mansos com o regime em 1969 (ou seja, o Decreto Lei 972/69 que regulamenta a profissão dos jornalistas), as novas mídias, questões maniqueístas como a reserva de mercado, a ameaça aos cursos de bacharelado em comunicação social com habilitação em jornalismo, os planos de guerra dos coordenadores de cursos para manter agora os universitários nos cursos, a vigente grade curricular fazedora de marionetes, o diploma como reconhecimento para jovens vítimas de uma educação ruim (estimulada em parte pelo modelo de vida social imposto pelo capitalismo, outra parte pela burrice crônica que está nas nossas veias, pelos vícios que nos afastam das leituras produtivas, dos grupos de estudos, de pesquisas ou de discussões), antes de tudo isso a gente tem que pensar no fim: nela, a sociedade.

Para se chegar a um ponto justo, o foco nessa discussão toda, tão cheia de argumentos, deve ser naqueles que nos ouve, nos lê, nos assiste, e naqueles que não nos ouve, não nos assiste, ou nem lê, mas que acima de tudo precisa de informação de qualidade, de conteúdo, que provoque questionamentos, capaz de provocar melhorias no dia-a-dia, de notícia dada com isonomia, sem segunda e terceiras intenções. A sociedade não quer mais notícias sem propósito, sem por que, pela metade, de um olho só, que mais esconde que mostra, que nos deixa envergonhados. Acredito que a sociedade precisa de gente com conhecimento suficiente, tão quanto disposição, vontade, gente com jeito de gigante, gigantes de princípios, de espírito, de ideias, gente sem vergonha mas cheia de escrúpulos, gente que adore dinheiro mas faça questão de saber de onde ele vem.

Por Flávia Rocha

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre coisas que valem a pena
Ontem recebi um email seguido de um texto sobre as sensações de um estudante de Jornalismo (da Uespi), Raoni Barbosa, sobre uma certa visita que ele e um grupo de outros universitários fizeram ao Instituto GAV, uma ONG da Vila Bandeirantes, que presto contribuições. Adorei o texto. É que às vezes a gente é tão pequeno, tão cego diante do que realmente importa na vida, que a gente perde tempo sentindo dor. Tudo bem que às vezes não tem como a gente fugir dela, mas acontece que muitas vezes a gente fica é correndo atrás da danada. O certo é que tem um monte de meios da gente se afastar dela, mesmo que seja se aproximando. Ta meio confuso, né? Acontece que ser forte não é pra qualquer um. Com maestria, chegar perto da dor e da alegria do outro também não é pra qualquer um. O certo também é que dá sim pra suavizar dores de verdade, que machucam de verdade, pra valer, sabe? E o texto abaixo trata um pouco disso, desse caminho meio doloroso, mas suave e verdadeiro de se chegar bem pertinho da bicha, da danada de boa felicidade.

Eis o email:

Olá Flávia Rocha, boa noite

Tudo bom? Bem... Dia desses estava lembrando da visita à ONG Grupo de Amigos da Vida no período do Intercom Nordeste... Fiquei super grato pela oportunidade que você colocou à nossa disposição de conhecer aquela ONG de trabalhar exemplar de formação cidadã prestada com sua ajuda também... Senti-me agraciado de ver uma outra realidade nada distante de onde vivemos e trabalhamos.

Metaforicamente, A Cidadania chegou no lugar e se estabeleceu mesmo por lá. E toda essa aprendizagem me fez pensar e refletir sobre o potencial que qualquer pessoa pode ter quando se é assistido e instigado a mostrar o que tem de melhor...

E a resposta a esse pensar e refletir para mim veio na forma de texto. Depois que fiz e publiquei no blog fiquei na vontade de mandar esse trabalho para você, já que trabalhas diretamente também com a galera lá, e para o diretor da ONG Miranda Neto. Simples, objetivo e de coração, o texto feito fica como homenagem ao pessoal de lá. Se puder, repasse pro pessoal também lá.

ONG/GAV mostra tua cidadania!

Que ventos lhe trouxe até aqui, caro cidadão? O mesmo que carrega pessoas de boa índole em busca de refúgio das mazelas cotidianas em que 'Cidadania' é o ar que permea por aquela atmosfera simples e exemplar: o Instituto Grupo de Amigos da Vida(GAV). Mas antes de entrar, 'bata os pés' e deixe toda sua impureza para trás, pois o que vem à frente é só lição de vida.

Assim que entrei na ONG lembrei um pouco da minha infância: crianças uniformizadas andando pra todo lado conversando, brincando e sorrindo. Era a hora do recreio, melhor dizendo, do almoço. Toda criança nessa hora não se segura mais: fica louca pra comer com a s ua galera, encher a 'barriga'. É uma alegria só.

Depois de minutinhos de descanso, é hora de estudar! Professores voluntários estão chegando e agora é sentar nas carteiras e 'devorar' conhecimento. Quando o mestre chega a educação se levanta e diz 'boa tarde', e se ainda quiser, a turma arrisca um 'bon jour', um 'buenas tardes'... - pois no cronograma da escola/ONG há aulas de língua, além das matérias principais vistas em qualquer escola por ai. Ah, só lembrando: esse Instituto fica em Teresina(PI) mesmo!

Imagine aí mais de 600 crianças circulando e divididas em turnos diferentes do dia... Todas assistidas de forma igual e bem. A relação entre todas é impactante: uns são irmãos dos outros, e vice-versa numa alegria só. O pátio, onde ocorre a troca de afetividade entre elas, tem dois mastros com bandeiras do Brasil e do Piauí. Tremulando de forma vívida, elas parecem passar a seguinte mensagem: "Olhem por nós também. Temos o mesmo sangue brasileiro que vem da mesma raça, cor e crédulo...".

Para poder 'abraçar' tanta criança assim imagina-se que a escola, naturalmente, tenha boa condição estrutural, né verdade? Sim, porém não acontecia até se criar a força de vontade advinda de forças próprias da própria galerinha que por lá estuda e vive - Incrível isso! Então, poderia até colocar em voga o problema estrutural da Escola, mas prefiro sensacionalizar essa história com as muitas mãos voluntárias que puderam proporcionar dias melhores para aquelas crianças. Foi de "tijolo em tijolo" mesmo, como explicou seu Miranda Neto (chefe do G.A.V), que a escola criou teto e virou Lar. O destino, literalmente, pôs esse cara na vida dessa galerinha. Se é sonho, então que se realize! Com certeza, devem ser muitos.

E a cada novo dia, crianças tem seus sonhos renovados. O foco é o mesmo. Todas 'treinadas' para que suas atitudes sejam certeiras para as conquistas futuras. Mesmo expostos à realidade fora dos muros da ONG, a formação daquelas crianças parecem 'blindar' de mau-olhados que querem destruir seus sonhos.

Para mim toda lição anotada na mente e no coração entre aqueles quatro muros 'blindados' de amor, compreensão, perseverança e muita fé não pode ser perdida de vista. É exercício diário, árduo, mas gratificante. "Vocês[jornalistas] devem multiplicar essa idéia... Muitos são críticos, mas poucos são sensíveis pra fazer isso", finaliza chefe Miranda convocando a sociedade para essa missão.

De lição aprendida e refletida, a sociedade, de bom agrado, poderá encher o peito e bater continência respondendo: "Sim, senhor!"

(Por Raoni Barbosa)

domingo, 3 de maio de 2009

“Bien se ve que no entiendes de aventuras. Ellos son gigantes, y se tienes miedo, puedes irte”
Texto de um capítulo muy famoso, llamado “los molinos de viento”, adaptado de Don Quijote de La Mancha.

sábado, 2 de maio de 2009

Brincadeira no telhado
Moro no 2° andar em um prédio antigo da Backay Street. Aqui de cima, todas as noites miro um casal de ratos no telhado da vizinha de frente, ela é uma pianista solitária, nunca quis um companheiro fixo para evitar desilusões, ela detesta os acordes fúnebres, seus preferidos são os que lembram suspense, perigo, tensão... Às vezes, ela acorda melancólica, com jeito de quem procura desesperadamente um colo para amortecer suas lágrimas. À noite, é de praxe dois ratos circularem pelo telhado... O macho, como numa brincadeira, corre atrás da fêmea... a fêmea foge... isso deixa a vontade do macho cada vez mais desenfreada... ele calcula cada rastro e consegue tocar seu focinho lá, bem no lugar que mais atiça seus sentidos... a fêmea esperta pára um pouco... e corre de novo, só pra deixá-lo trantornado... ele fica meio tonto, vibrando com o seu corpo arredondado, nessa hora parece que incha e fica um tanto sem fôlego, mas ele sabe, ali está só começando a noite de brincadeira sem fim. A lua colabora com aquilo tudo, tão cheio de significado. Choveu a tarde inteira. O clima está perfeito. De longe, a rata olha de escanteio, dá uma rabanada e foge outra vez. O rato tem consciência que ela sabe direitinho o que está fazendo com ele. Ele fica completamente remexido, ganha fôlego e volta à disputa. Ele aceita o jogo, mas por instantes seus instintos o fazem desejar acabar com aquilo tudo de vez e deixar a fêmea bem no lugar dela, ali, paradinha, bem ao lado dele, pra sempre. Mas ele também sabe o quanto é bom levar aquela vida como o som de um piano, lento, pausado, suave, doce, devagarzinho... avançando pouco a pouco.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Oie... tem fotos "novas" no meu flickr. Veja algumas aí:


Clique aqui e veja mais fotos de Flávia Rocha!




sexta-feira, 10 de abril de 2009

A gravata e o noivo de Belle Justie

“Se um dia eu for parar em um altar, meu noivo tem que saber de uma coisa... Hummm... Sabe o que é??? É que fico meio sem graça pra falar... Humm, tá bom... Mas cês não tavam acreditando nisso, tavam? Se conhecem bem Belle Justie, sabem que a graça é uma coisa que nunca lhe falta. Tudo bem, tudo bem... vou falar que tal coisa é essa. Antes, uma perguntinha: cês já viram aquela coisa que inventaram só pra deixar o nosso homem parecido com um pinguim? É!!! Isso mesmo: a gravata. E é justamente disso que meu noivo tem que saber: no nosso altar, nada de gravata. Meu amor, cê tá aí ouvindo isso? É que aqui é assunto de mulher, mas tudo bem pra você, não é? Agora, meninas, meu amor já saiu, dêem uma pausa para uma ressalva: de gravata, só se o meu noivo for do tipo sarado. Aí, nesse caso, ele iria sem camisa, pra não atrapalhar. O problema, não me levem a mal, era se lá tivesse padre, aquele que fica lá falando um monte de coisas quando a gente tá doida pra fugir pra um lugar bem longe, só nosso, e aproveitar cada segundo porque a partir dalí tudo será fantasia, sonho e beleza... é que assim, com o padre olhando pra mim, eu ia conter meu riso de quero-quero na frente de todo mundo. E cês já assistiram o documentário “A Marcha dos Pinguins”? Sim, mas o que que esse filme tem a ver com isso? Respondam sozinhas, uai. Antes, só imaginem os seus pinguins, ôôoh, os seus homens, no meio de um monte de engravatados. Imaginaram? Pois é... cês também não acham que inventaram esse negócio aí (a gravata) só pra deixarem nosso homem igual, pra confundirem nossa cabeça, que já é naturalmente tão confusa? E já pensou depois de umas taças de vinho (não importa a marca agora) e eu me embaraçar, levar o noivo errado pra casa? Cês tão rindo, suas assanhadas? Pois eu não queria isso não. Só queria o meu homem lindo, único, nada dessas coisas sem graça, só pra deixá-lo sem ar. Sem ar, só eu pra deixá-lo. Na hora que ele quiser".
The End

Meu amor se foi,
pra bem longe de mim,
mas não fique aí tristim,
é que é assim,
nosso amor é um tesouro
que não tem mais fim.

domingo, 5 de abril de 2009

Teu sentido

E o teu peito decidido
um dia não resistirá para sempre
a tudo que há de mais belo em mim

E no começo desse dia
em teu peito eu subirei
com o encanto do meu riso
e tu não precisarás mais
guardar nossas lembranças
de purezas desabrochadas
no vento da tarde
porque tu me terás do lado
e dentro de ti

E no meio desse dia
as fotografias preto e branco perderão o sentido de existir.

E no fim desse dia
perceberás que tudo que quer
é ver o meu colorido revelado em ti.

E assim,
como quem desvenda o amor completo,
tu descobrirás o sentido de existir.


*alterado dia 06/04, às 17h.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Vire a folha de cabeça pra baixo

No final do mês era aquela correria pro mural pregado no pátio da escola. Era em Petrópolis, no Rio. João* e Ricardo*, melhores amigos da adolescência, corriam ansiosos para saber suas notas, queriam saber quais eram os nomes no fim da lista. É que os dois revezavam esses espaços, de último e penúltimo, todos os meses. Sabe como é que é, né?

João e Ricardo eram os “piores” alunos da turma. Não em virtudes, dedicação ou inteligência. Sim em notas, em números. Eram dois zeros, bem à esquerda. Os dois encaravam essa repetição mensal de uma forma surpreendente: sorrindo e brincando com a “sorte” do outro. Não porque eram descompromissados. Sim porque tinham uma certeza: um dia a folha ia virar de "cabeça pra baixo". E pouco importava aqueles números míseros naquele momento... Melhor, importava sim. Porque ali ficava uma grande recordação.

Os dois eram diferentes. E tem coisa mais valiosa no mundo que ser diferente? Hummm... Acho que não. Os iguais se copiam, não arriscam inovar, morrem de medo de um aparente fracasso. Já os diferentes adoram testar o erro, centenas de vezes, até chegar a uma solução genial. Os iguais não conseguem reconhecer alguém de propósito bem à sua frente. Os diferentes são superiores. Eles riem. Morrem de rir quando alguém acha que eles tropeçaram. E se você não se imagina achando graça disso, ainda tem que se esforçar pra ser diferente.

E, depois de tanto ranking na escola, como andam hoje João e Ricardo? Bem... Ricardo se formou em Medicina pela UFRJ, é ginecologista e casado com uma médica filha de um milionário. Quando Ricardo tem alguma má recordação, tipo do seu tempo de zero à esquerda, ele "pega" a mulher, um dos aviões da família e vai dar uma volta em algum paraíso por aí no mundo. Já João se formou em Jornalismo pela UFRJ, fez Mestrado, Doutorado e hoje é professor e coordenador do curso de Comunicação de uma faculdade do Sul do país. João também tem uma produtora de filmes e trabalha com formação de atores. Seus filmes ganharam vários prêmios. João ganhou reconhecimento nacional e internacional.

Então, cê quer um palpite? Numa lista, independente onde seu nome estiver, revire-o, remexa-o e veja que ele estará sempre lá, lá no alto. Bem no topinho.

Sei. Cê acredita que o importante são as normas técnicas, a física, o pá-pum palpável bem na sua frente? Se eu acredito também? Sim, sim, sim... Só que antes, enquanto a gente puder, a gente vai provando o contrário, às avessas, sem a preocupação de um sim fácil, de gente sem graça, sabe?
*Os nomes são fictícios. A história é real.

domingo, 1 de março de 2009

Eddie Vedder - Guaranteed



eita... que quase acontece uma coisa muito séria comigo quando essa música trisca nos meus ouvidos...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Adeus, Lênin!


esse filme está na minha lista dos 100 filmes que você não pode deixar de assistir antes de morrer.
Anyone Else But You - Juno



isso é que é trilha... e essa música então...
SER FELIZ É...

1) Tomar banho no quintal, com uma água forte, sem chuviscos, que sai de dentro das plantas verdinhas com cheiro intenso de natureza


2) Não programar e deixar acontecer

3) Dar carona, mudando completamente seu percurso, só pra compartilhar o que você sozinha não conseguiria ter

4) Bater o carro e sair como se nada tivesse acontecido porque você tem coisas muito maiores pra se preocupar

5) Trocar intimidades com sua melhor amiga. E bolar de rir porque ninguém pode saber o que vocês duas pensam. Mas se souberem, é pá-pum: a gente diz na lata, porque a gente não tá nem aí pra nada. Ora mais!

6) Sentar com sua melhor amiga e montar a agenda de aventuras de 2009 e saber que tudo pode ser completamente alterado de acordo com a nossa telha. É que nela (na telha) todo dia dá uma coisa diferente, sabe?

7) Acordar às 5 da manhã e saber que tem um paizinho de pé preparando uma mesa especial, só pra você sair bem alimentada de casa. E não adianta reclamar porque ele adora fazer isso

8) Chegar achando que está cheia de problemas e ser recebida em casa por uma fofura de 3 anos, aos abraços, beijos, sorrisos, lhe agarrando pelas pernas e dizendo que nunca mais deixará você partir

9) Ser beijada no rosto até o infinito pela menininha de 10 anos mais linda do mundo

10) Saber que sua mãe está viajando, porque ela está sorrindo e se divertindo pra valer por aí

11) Se sentir viva e cheia de vontade de começar tudo de novo

12) Passar uma manhã de folga descobrindo seu sobrinho de 7 anos

13) Dizer para o seu irmão o quanto ele merece ter conseguido comprar o carro zero dos sonhos da vida dele

14) Passar na locadora e alugar um monte de filmes, todos que estavam na sua lista de espera há muito tempo

15) Fazer alguém arder de felicidade porque “praquele” alguém você é de fato importante

16) Fazer aquelas coisas de dar água na boca, sem culpa, com quem sabe bem direitinho deixar você rindo à toa

17) Saber que essa lista não tem dia pra terminar. E se um dia você achar que eu acabei, pode botar uma placa no meu túmulo: “eu fui feliz e podem ir pra suas casas sem se preocupar porque vou ficar bem”

18) Escrever essas linhas e saber que pelo menos alguém se sentirá mais feliz por isso.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Eu e o NX Zero

Na realidade, o melhor título seria “meu amigo e o NX Zero”. O nome do meu amigo? Melhor não! O sim é que resultou numa comédia encontrar os emos do “NX” almoçando na BR-343, na saída de Teresina. Primeiro, aquele monte de tatuagem desceu do ônibus, sem nenhuma lembrança de riso no rosto. Depois, aquele monte de homem sentou numa mesa bem grande, ao lado da nossa.

Fiquei curiosa pra saber o que era aquilo. A gente nem imaginava. Meu amigo gosta de jazz, rock clássico, piano, violão e coisas de um romântico tradicional e um rebelde da década de 80.

Conversa vai, conversa vem... calabresa, maminha, carne sol, picanha, coração vieram também, e a gente acabou esquecendo de olhar direito pros nossos ilustres desconhecidos.

Chegou a hora de ir, mas caía uma chuva fortíssima. Mudamos de lugar. No percurso de uma mesa a outra, toques de cotovelo sobre minha simples pessoa, segundo observou my friend. Vou nem comentar. Mas em branco, em branco, assim, tinha nem graça passar. E gostei, claro, por que não?

Minutos depois, a conta. Levantamos e meu amigo fez a primeira pergunta um tanto ridícula da tarde. Se bem que é Carnaval, alguma coisa ridícula a mais não faz diferença.

– Vocês são de alguma banda?
- Somos.
- Éeeee??? Como é o nome?

(parecia aqueles turistas abobalhados. Mas caaaalma: tudo acabou tendo um propósito)

- NX Zero.
- Como?
- NX Zero.
- E vocês tocam o que?

(a prezepada começava a ficar mais divertida)

- Rock (com um ar de quem dizia: vou dizer só rock logo porque se eu for dizer emocore aí já viu...haja explicação pra esse nerd!)
- E vocês vão tocar no Festival de Jazz?

(não, não... ele não perguntou isso!!!
Mas caaaalma... essa pergunta foi excelente)

- Hãnnnn?
- Vocês vão tocar em Barra Grande?
- Onde é mesmo que a gente vai tocar? Como é nome da cidade mesmo?
Um colega lá do meio da mesa ajudou: - ...Parnaíba!

Tudo bem que o carinha da banda não era obrigado a saber onde eles iam tocar, mas aquele tom meio de descaso com a nossa Parnaíba (e com uma pessoa aparentemente tola que estava ali cheia de dúvida) deu um aperto no meu estômago tão grande que cada pergunta idiota do meu amigo se tornaram as perguntas mais merecedoras do carnaval da turma do Di Ferrero.
P.S.: mas também quem é que já se viu banda emo tomando lugar das marchinhas?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Amorzinho,
É um bichinho
Cheio de carinho
Fez um ninho
E um dia quis um passarinho
Ele também quis cantar
E o céu sobrevoar
Só pra me amar
E a gente encheu o céu de canarinho.
Faz bem ao coração

Siricutico. Sem nenhuma vergonha. Entre as pipocas. Entre as jujubas. Com o corpo pintado. Tudo fotografado. Revelado. Guardado. E eternizado, no peito suado, de quem um dia sentiu o amor explodir na palma da mão.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ouvindo a paz
(Praia da Pedra Furada - Jeri - CE)
Foto: Flávia Rocha
No deserto?
Foto: Flávia Rocha