Sobre a lata do lixo
Assim que eu cheguei do Rio de Janeiro a Teresina (eu tinha uns dois anos), minha mãe ia trabalhar, e eu não me conformava com a quebra do cordão umbilical. Quando ela saía de casa, era aquela confusão. Eu chorava desesperadamente pra ela ficar. E não eram uns snif, snifizinhos não, eram uns buaaaaaaaá, buaaaaaaaaaaá’s escandolosos. Hoje, pensando bem, inteligente seria se eu voltasse a minha personalidade geniosa, esperta e dramática de antigamente.
Naquela época, eu acabava com a minha garganta... (Ai que dó da minha garganta agora!) Eu esgoelava, esgoelava, esgoelava... e saía correndo pelas ruas perto do Restaurante Dona Maria, no Jóckey, onde foi a minha primeira casa em Teresina. Eu sabia fazer chantagem também ficando sem comer, eu era um terror... Tudo pra ela voltar pra mim...
Num dia das minhas insistidas, eu desmaiei no meio da rua. Pluft! E advinha quem me salvou? Um bendito carro de lixo que passava bem na horinha. (Diziam os meus irmãos mais velhos que eu fui achada dentro de uma lata de lixo. Eu passei minha infância tendo que ouvir isso. Eu morria de rir por dentro, achava muito engraçado, mas fazia cara de mau pra não dar o braço a torcer.)
Foi nesse dia que o meu plano infalível deu certo. Minha mãezinha boazinha pediu demissão do emprego pra ficar colada em mim o dia inteiro. Tudo bem que trabalhar é bom, mas cuidar de uma fofurinha que nem eu devia ser muito melhor, não é mesmo?
Agora, aos 25 anos, não sei mais o que é fazer escândalo. E até que fiz alguns na minha adolescência. Aliás, nem sei se passei por isso, acho que de criança virei mulher. E mulher não chora, nem arrisca as cordas da voz, nem grita correndo pelas ruas, muito menos sai desmaiando por aí a fora. Mulher de verdade engole seco, tem sangue no olho, não sente medo, sabe que dentro dela tem um escudo de ferro. Mas mulher de verdade só quer um guerreiro pra detonar esse escudo de ferro idiota que ela insiste em guardar com ela.
Assim que eu cheguei do Rio de Janeiro a Teresina (eu tinha uns dois anos), minha mãe ia trabalhar, e eu não me conformava com a quebra do cordão umbilical. Quando ela saía de casa, era aquela confusão. Eu chorava desesperadamente pra ela ficar. E não eram uns snif, snifizinhos não, eram uns buaaaaaaaá, buaaaaaaaaaaá’s escandolosos. Hoje, pensando bem, inteligente seria se eu voltasse a minha personalidade geniosa, esperta e dramática de antigamente.
Naquela época, eu acabava com a minha garganta... (Ai que dó da minha garganta agora!) Eu esgoelava, esgoelava, esgoelava... e saía correndo pelas ruas perto do Restaurante Dona Maria, no Jóckey, onde foi a minha primeira casa em Teresina. Eu sabia fazer chantagem também ficando sem comer, eu era um terror... Tudo pra ela voltar pra mim...
Num dia das minhas insistidas, eu desmaiei no meio da rua. Pluft! E advinha quem me salvou? Um bendito carro de lixo que passava bem na horinha. (Diziam os meus irmãos mais velhos que eu fui achada dentro de uma lata de lixo. Eu passei minha infância tendo que ouvir isso. Eu morria de rir por dentro, achava muito engraçado, mas fazia cara de mau pra não dar o braço a torcer.)
Foi nesse dia que o meu plano infalível deu certo. Minha mãezinha boazinha pediu demissão do emprego pra ficar colada em mim o dia inteiro. Tudo bem que trabalhar é bom, mas cuidar de uma fofurinha que nem eu devia ser muito melhor, não é mesmo?
Agora, aos 25 anos, não sei mais o que é fazer escândalo. E até que fiz alguns na minha adolescência. Aliás, nem sei se passei por isso, acho que de criança virei mulher. E mulher não chora, nem arrisca as cordas da voz, nem grita correndo pelas ruas, muito menos sai desmaiando por aí a fora. Mulher de verdade engole seco, tem sangue no olho, não sente medo, sabe que dentro dela tem um escudo de ferro. Mas mulher de verdade só quer um guerreiro pra detonar esse escudo de ferro idiota que ela insiste em guardar com ela.
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