Luís
Quando criança, eu era branquinha, do nariz afilado e o cabelo curto cheio de cachos dourados. Parecia um anjinho de tão gente boa. Aos 10 anos, me furtaram o primeiro beijo, foi atrás da escola. Senti-me invadida, enganada e tive vontade de denunciar na delegacia mais próxima. Ao mesmo tempo, gostei da iniciativa do menino. Menino danado! Aquilo me fez sorri depois. Guardei o segredo como quem guarda a vontade de quero mais. Na verdade, na hora, fiquei completamente sem graça. Em seguida, desejei correr atrás dele e me vingar. Tascaria outro beijo nele. Dessa vez, na frente de todo mundo, só pra matar ele de vergonha.
Um adulto apareceu segundos depois, e eu tive que conter aquela confusão de sentimentos. Na realidade, fiquei com raiva por dois motivos: um, porque eu gostava de outro menino, o mais danado da escola, ele era uma pestinha, e nos meus sentimentos mais íntimos queria que ele tivesse furtado o meu primeiro beijo; dois, porque fiquei com medo dele saber do furto e não querer mais um beijo meu, nem furtado, nem negociado, nem dado de coração.
Fiquei com medo de me tornar uma menina desinteressante, porque os lábios já tinham sido tocados. Tive medo de perder a atenção do menino mais legal da escola. Ele vivia suado e sujo. A gente adorava brincar de correr um atrás do outro. E eu adorava quando a gente caía junto no capim do campo da escola.
Nós dois disputávamos o título de mais danados do colégio, ele, na categoria masculina e, eu, na feminina. A diferença era que ele não se controlava tempo algum, e, eu, quando entrava na sala de aula me transformava. Não era dissimulação, não. Tinha uma sede angustiante de aprender. Cada vez mais e mais. Além disso, adorava ter o amor das professoras. Não abria mão disso por nada no mundo. Muito por ser leonina, não conseguia respirar sem me suflarem os elogios.
Engraçado que o nome dele era Luís. Eu achava lindo esse nome: Luís. Luís! Bonito, não é?
O tempo passou e eu nunca mais vi o Luís, mas antes dele desaparecer completamente da minha vida, ele me tascou um beijo, naquela parte mais sensível do rosto. O coração, coitado, foi a mil. Mas eu, menina boba, passei a mão direita na boca rapidamente, para ele nem de leve pensar que eu tinha ficado doidinha pelo beijo dele, por mais um, dois, três... quantos ele quisesse dar. Naquela hora, fui embora pra casa. Ele pra dele. E nosso beijo suado nunca mais se encontrou. Era o último dia de aula.
Quando criança, eu era branquinha, do nariz afilado e o cabelo curto cheio de cachos dourados. Parecia um anjinho de tão gente boa. Aos 10 anos, me furtaram o primeiro beijo, foi atrás da escola. Senti-me invadida, enganada e tive vontade de denunciar na delegacia mais próxima. Ao mesmo tempo, gostei da iniciativa do menino. Menino danado! Aquilo me fez sorri depois. Guardei o segredo como quem guarda a vontade de quero mais. Na verdade, na hora, fiquei completamente sem graça. Em seguida, desejei correr atrás dele e me vingar. Tascaria outro beijo nele. Dessa vez, na frente de todo mundo, só pra matar ele de vergonha.
Um adulto apareceu segundos depois, e eu tive que conter aquela confusão de sentimentos. Na realidade, fiquei com raiva por dois motivos: um, porque eu gostava de outro menino, o mais danado da escola, ele era uma pestinha, e nos meus sentimentos mais íntimos queria que ele tivesse furtado o meu primeiro beijo; dois, porque fiquei com medo dele saber do furto e não querer mais um beijo meu, nem furtado, nem negociado, nem dado de coração.
Fiquei com medo de me tornar uma menina desinteressante, porque os lábios já tinham sido tocados. Tive medo de perder a atenção do menino mais legal da escola. Ele vivia suado e sujo. A gente adorava brincar de correr um atrás do outro. E eu adorava quando a gente caía junto no capim do campo da escola.
Nós dois disputávamos o título de mais danados do colégio, ele, na categoria masculina e, eu, na feminina. A diferença era que ele não se controlava tempo algum, e, eu, quando entrava na sala de aula me transformava. Não era dissimulação, não. Tinha uma sede angustiante de aprender. Cada vez mais e mais. Além disso, adorava ter o amor das professoras. Não abria mão disso por nada no mundo. Muito por ser leonina, não conseguia respirar sem me suflarem os elogios.
Engraçado que o nome dele era Luís. Eu achava lindo esse nome: Luís. Luís! Bonito, não é?
O tempo passou e eu nunca mais vi o Luís, mas antes dele desaparecer completamente da minha vida, ele me tascou um beijo, naquela parte mais sensível do rosto. O coração, coitado, foi a mil. Mas eu, menina boba, passei a mão direita na boca rapidamente, para ele nem de leve pensar que eu tinha ficado doidinha pelo beijo dele, por mais um, dois, três... quantos ele quisesse dar. Naquela hora, fui embora pra casa. Ele pra dele. E nosso beijo suado nunca mais se encontrou. Era o último dia de aula.
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