Por que “O Caçador de Pipas” mexeu tanto comigo?
Falo do filme. Não do livro, ainda. Primeiro, na cena mais linda, Hassan (o garoto simples, humilde e amigo – nas verdadeiras concepções destas palavras) parece extremamente comigo. Fiquei orgulhosíssima dele. Ao mesmo tempo, senti uma vontade irracional de agir ao contrário, como nunca antes. Senti uma necessidade incontrolável de revidar. Revidar contra as questões mal resolvidas.
Geralmente, quando tratava de assuntos de amor, ou de amizade, só engrossava os meus músculos da paciência. O meu “eu” paciente estava ficando cada vez mais forte, intocável, inabalável. Ora esse “eu” era matemático, ora astrológico, ora ele sabia até calcular as linhas do tempo.
Este “eu” se sentia extremamente feliz. Até esse “eu” ver o Hassan, naquela cena inesquecível: sentado embaixo de um pé de romã, ele dá a boa nova a Amir que está aprendendo a ler, está começando com histórias para crianças; num olhar perfeitamente amigo, conta que as histórias escritas e contadas por Amir são muito mais divertidas.
Com uma romã na mão, Amir começa:
- O que você faria se eu desse isso na sua cabeça?
- O que você faria?
Amir jogou uma romã no peito de Hassan. A fruta vermelha escorria no corpo.
- Bata em mim! (e acertava outra)
- Revide! Revide! (e mais outra)
- Você é um covarde!
Hassan, numa atitude heróica e demonstrando um caráter indescritivelmente admirável, pega uma das frutas no chão e a esfrega na própria testa. O meu rosto derreteu em lágrimas nessa hora. Hassan não se defende, só ama, só é leal, só perdoa. Os Hassans nunca maltratam ou ofendem seu melhor amigo, mesmo com os vários sinais de fraqueza e covardia dos Amirs.
Hassan não via nenhum sinal ruim em Amir. Amir não tinha defeito. Se tinha, pouco importava. Porque Hassan só sabia amar Amir. Nada mais. E eu deveria ter seguido os passos de Hassan.
Falo do filme. Não do livro, ainda. Primeiro, na cena mais linda, Hassan (o garoto simples, humilde e amigo – nas verdadeiras concepções destas palavras) parece extremamente comigo. Fiquei orgulhosíssima dele. Ao mesmo tempo, senti uma vontade irracional de agir ao contrário, como nunca antes. Senti uma necessidade incontrolável de revidar. Revidar contra as questões mal resolvidas.
Geralmente, quando tratava de assuntos de amor, ou de amizade, só engrossava os meus músculos da paciência. O meu “eu” paciente estava ficando cada vez mais forte, intocável, inabalável. Ora esse “eu” era matemático, ora astrológico, ora ele sabia até calcular as linhas do tempo.
Este “eu” se sentia extremamente feliz. Até esse “eu” ver o Hassan, naquela cena inesquecível: sentado embaixo de um pé de romã, ele dá a boa nova a Amir que está aprendendo a ler, está começando com histórias para crianças; num olhar perfeitamente amigo, conta que as histórias escritas e contadas por Amir são muito mais divertidas.
Com uma romã na mão, Amir começa:
- O que você faria se eu desse isso na sua cabeça?
- O que você faria?
Amir jogou uma romã no peito de Hassan. A fruta vermelha escorria no corpo.
- Bata em mim! (e acertava outra)
- Revide! Revide! (e mais outra)
- Você é um covarde!
Hassan, numa atitude heróica e demonstrando um caráter indescritivelmente admirável, pega uma das frutas no chão e a esfrega na própria testa. O meu rosto derreteu em lágrimas nessa hora. Hassan não se defende, só ama, só é leal, só perdoa. Os Hassans nunca maltratam ou ofendem seu melhor amigo, mesmo com os vários sinais de fraqueza e covardia dos Amirs.
Hassan não via nenhum sinal ruim em Amir. Amir não tinha defeito. Se tinha, pouco importava. Porque Hassan só sabia amar Amir. Nada mais. E eu deveria ter seguido os passos de Hassan.
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