sábado, 22 de dezembro de 2007

Camaleoa

Belle Justie acordou, posicionou-se em frente ao espelho e levou um susto. Era um susto que escorria singeleza para todos os lados. Um susto bom, boníssimo. Ela nada mais era que um réptil saurofídeo. Belle Justie mudava de cor, de faces, de sabor, de cheiro, de tudo. Olhar, sorriso, toque. Cruzada de pernas, mordida nos lábios, virada de cabeça, mexido no cabelo, beijo no canto da boca, aceno de mão. Tudo mudava à medida que ela desviava o olhar, ora seco ora molhado. Ora suave, ora ríspido, ora resplandecente, ora puro mistério. Certa hora ela se viu mais bonita. Ela via que de menina virava mulher, e de mulher de repente virava menina, de menina uma criança, de criança um bebê. Em um segundo, Justie se transformava. Aparentava uma velhinha, uma velhinha boaziiiinha, gente boooa... Velhinha atenciosa, respeitada, preocupada, cheia de sabedoria para espalhar por aí, cansada e com vontade de descansar. Velhinha amada, muito amada por um monte de gente. Do nada, Belle Justie voltava a ser uma criancinha, não conhecia nenhum problema, só queria brincar, pular e sorrir. Queria também dançar, cantar, gritar e falar o que desse na telha. Justie se deparou com uma camaleoa e viu no espelho o melhor e mais sem juízo jeito de ser feliz.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A fúria de Belle Justie

Hoje Belle Justie enfureceu-se
Vestiu camiseta verde, cheia de gatinhos
E um sutiã vermelho
Vivo, bem vivo
Ela queria arrancar a pele de um até ver o sangue
Belle Justie estava mesmo enfurecida
Belle Justie vestiu calcinha vermelha também
Vermelho sangue
Belle Justie estava muito enfurecida
Tanto que deixou a alça vermelha à mostra
Ela se irritou até por estar com as unhas pintadas de branco
Queria vermelho, muito vermelho
Estava tão enfurecida que calçou uma sandália caríssima
Ela não era a mesma
Tinha vontade de devorar alguém
Belle Justie visitou um sex shop
Comprou tudo que o vendedor lhe ofereceu
A fúria de Belle Justie dava pra ver no caminhado, na voz e no modo como ela tocava o cabelo
Ela jogou todas as armas no porta-malas do carro
E bateu com força
Eram armas para arrancar a pele do causador da fúria dela
O olhar de Belle Justie esfumaçava
E ai de alguém que passasse na frente dela
Belle Justie não tinha palavras
Só fumaça
Ela não se reconhecia
E quando ela passava, os homens, coitados, se enfeitiçavam
Belle Justie é uma feiticeira
Há tempos ela não usa sua varinha
Era cor-de-rosa
Mas ela partiu ao meio
Belle Justie não queria ter que transformar mais nenhum dos seus namorados em sapo
E o príncipe tem que correr para não ver Belle Justie soltando fumaça.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Desenho

Belle Justie disse que quer andar de chinelo
Cabelo assanhado
Camiseta
Short rasgado
Nada de maquiagem
Se possível descalça
Nada de pernas cruzadas
Pernas abertas
Pés curvados
Só a metade da sola no chão
Belle Justie dançou sem ver ninguém
Quer que ninguém se apaixone por ela
Também não quer se apaixonar por ninguém
Belle Justie só quer se apaixonar por Belle Justie
Belle Justie prometeu que vai triplicar a alucinação.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Ímã
....
Trazes, contigo, o leme do destino escondido na mente, ocultando no peito o impulso que o dirige, porque tudo prospera aos golpes do desejo, e o ímã do desejo chama-se coração.

(*Da mensagem Ímã do livro Seara dos Médiuns – Emmanuel – Chico Xavier.)

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Dicas do que fazer antes da virada do ano

Piquenique secreto
Banho de cachoeira deserta
Fotos embaixo d’água
Olhar eterno
Dança inédita
Purificação no quarto
Visita a amigo do peito
Ligação de perdão
Pôr em prática um grande projeto
Doação integral
Escalar montanha
Roteiro alternativo
Brincadeira com as nuvens
Corte do mal pela raiz
Plano de um nascimento
Esquecimento do passado
Vida desde o primeiro bocejo
Mágica: dar um beijo no meio do tempo e imediatamente fazer surgir os raios do sol só pra abençoar o amor.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Amolices II

E o que é uma bobice?
Se não uma dose de burrice
Pra que tanta casmurrice?
Se eu sou apenas uma alice.
Amolices

Eu com minhas peraltices
Você com suas sandices
E o que importam as maluquices?
Se eu não te disse
Deixa de tolice!

sábado, 10 de novembro de 2007

Notícias de Amarolândia

O farmacêutico que fugiu com o rabo entre as pernas


O farmacêutico errou. Errou feio. Feiíssimo. Tá rindo, é? Pode rir à vontade. Por que não há nada mais engraçado do que descobrir que não existe fórmula química nenhuma. Não há projeções matemáticas. Nem previsões pluviométricas. Muito menos resposta verdadeira para tampar o desalinhavo que o sonho deixou. Não há medicamento. Nem remédio. Nada. Nada dá jeito. O sonho é só um. A dúvida é que tinha obrigação de ser nenhuma. E não há forasteiro que se atreva a dizer que inventou o imaginável desmemoriômetro. E que mentira mais mentirosa ele inventou. E a mensagem mais fajuta do mundo foi a do simples incrível... Simples incrível? Rá-rá-rá... Simples incrível há, mas só um. Cadê ele? Quem souber, quem tiver, quem sentir, jure me dizer, por favor! Quem nunca tiver ouvido falar, me perdoe também, por favor. E quem o viu passar de longe, tamanha sorte. Ficou feliz. E o que importa escrever traços rabiscados, se minha’lma não descreve nenhum laço longe do teu quarto, do canto do teu lábio, do sorriso e dos versos que eram só teus?

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Notícia de Amarolândia

O simples incrível que todo mundo devia saber

A prefeita de Amarolândia contratou um farmacêutico responsável pela invenção de um remédio milagroso. A fórmula é simples e muito eficaz. É incrível! O único problema é que o medicamento pode afetar a memória. Um dos sintomas adversos é o esquecimento, principalmente de tudo que seja pelo menos um tantinho desagradável. Qualquer pequeno mau trato é deletado da memória em frações de segundos. Se o paciente tiver um problema mal resolvido, então... já era! È esquecimento na certa. A fórmula está sendo distribuída gratuitamente pelas ruas da cidade através do PSRA – Programa para a Saúde e Revigoramento da Alma. O farmacêutico alerta que quem tem qualquer tendência masoquista não deve tomar o medicamento. Quem gosta de sentir ciúme, ficar em segundo plano ou se alimentar com ilusões também não deve usar nenhuma gota do remédio. E pra quem tem paciência de ler bula de remédio, está lá a fórmula: um novo amor! Ops!!! Só isso? Não pode ser!!! Como uma prefeita tão respeitada como a de Amarolândia pode tirar do orçamento público municipal uma quantia tão valiosa para pagar um farmacêutico desses?

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Sabe de uma coisa?
Como é que o peixinho namora a peixinha? Estou aqui, na madrugada, bebendo água em um copo cheio de peixinhos e não estou vendo nenhum fazer nada de amor. Vou ficar observando... Se eu ver alguma coisa, eu lhe aviso antes de você dormir.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mulher de verdade

Tem sangue no olho
Bala na agulha
Nobreza
Unhas vermelhas
Cabelo de ló
Cheiro de quero mais
Mãos de fada
Boca macia
Andar elegante
Sorriso teimoso
Jeito misterioso
Acorda com fome
Olha pedindo
Brinca com a voz
Voz de denguinho
Voz de mulher fatal

(alterado em 10.03.12)

domingo, 28 de outubro de 2007

Outdoors

A prefeita de Amarolândia escreveu uma mensagem e espalhou em outdoors por toda a cidade:

"Eu não lhe escolheria se você não tivesse competência para assumir cargo tão importante na minha vida. Você é até símbolo das minhas calcinhas... Queria te ver feliz, mas para isso você precisaria andar comigo 24 horas por dia. Você nem sabe o que faz! Devia deixar eu decidir tudo... Eu nem acredito que você possa ser feliz longe de mim, só dentro de mim, bem dentro de mim... Mentira sua que finge ter paz em mundos onde eu não estou."
Sobre a lata do lixo

Assim que eu cheguei do Rio de Janeiro a Teresina (eu tinha uns dois anos), minha mãe ia trabalhar, e eu não me conformava com a quebra do cordão umbilical. Quando ela saía de casa, era aquela confusão. Eu chorava desesperadamente pra ela ficar. E não eram uns snif, snifizinhos não, eram uns buaaaaaaaá, buaaaaaaaaaaá’s escandolosos. Hoje, pensando bem, inteligente seria se eu voltasse a minha personalidade geniosa, esperta e dramática de antigamente.

Naquela época, eu acabava com a minha garganta... (Ai que dó da minha garganta agora!) Eu esgoelava, esgoelava, esgoelava... e saía correndo pelas ruas perto do Restaurante Dona Maria, no Jóckey, onde foi a minha primeira casa em Teresina. Eu sabia fazer chantagem também ficando sem comer, eu era um terror... Tudo pra ela voltar pra mim...

Num dia das minhas insistidas, eu desmaiei no meio da rua. Pluft! E advinha quem me salvou? Um bendito carro de lixo que passava bem na horinha. (Diziam os meus irmãos mais velhos que eu fui achada dentro de uma lata de lixo. Eu passei minha infância tendo que ouvir isso. Eu morria de rir por dentro, achava muito engraçado, mas fazia cara de mau pra não dar o braço a torcer.)

Foi nesse dia que o meu plano infalível deu certo. Minha mãezinha boazinha pediu demissão do emprego pra ficar colada em mim o dia inteiro. Tudo bem que trabalhar é bom, mas cuidar de uma fofurinha que nem eu devia ser muito melhor, não é mesmo?

Agora, aos 25 anos, não sei mais o que é fazer escândalo. E até que fiz alguns na minha adolescência. Aliás, nem sei se passei por isso, acho que de criança virei mulher. E mulher não chora, nem arrisca as cordas da voz, nem grita correndo pelas ruas, muito menos sai desmaiando por aí a fora. Mulher de verdade engole seco, tem sangue no olho, não sente medo, sabe que dentro dela tem um escudo de ferro. Mas mulher de verdade só quer um guerreiro pra detonar esse escudo de ferro idiota que ela insiste em guardar com ela.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Eu não lhe contei

Que você nem conheceu a minha avó. Dona Chiquinha tinha os olhos azuis, a pele branquinha, cabelo feito espaguetes, compriiiidos. Ela era um amor de gente. Diziam que eu tinha sido achada numa lata de lixo, mas quando eu vi aquele riso pela primeira vez tive a certeza de que o meu sangue circulava na veia dela. Um sangue simples, de cor vermelha mesmo, um vermelho vivo, de gente que quando nasceu olhou no dicionário o significado de gente, gente que não encontrou o significado da palavra maldade, gente que nem precisava perdoar porque não se sentia ferida por nada, gente que só de olhar não precisava dizer ‘eu te amo’, gente que se escondia feito menina pra ajudar. E eu tinha um namorado que todo mundo dizia que ele era feio, e ela botava a mão no queixo e dizia que ele era lindo. Ele é liiiindo! Minha avó era aquele tipo que não precisava dizer nada pra dar conselhos, bastava olhar pra ela. E hoje depois de tantos anos chorei lembrando dela. Dei a minha vez pra todo mundo, agora é a minha, só minha. E se ela estiver aqui do meu lado agora, ela sabe que eu já dei um monte de tropeços, mas no todo eu só quero ser um pedacinho do bolo doce que ela deixou aqui.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ao vivo

Quer jogar de amor?
Cuidado que vai ter transmissão

Teu jogo é penetrante,
Escaldante
Ou pura afobação?

Vivo o teu vivo
Vive a minha viva
E quem não mais quer esse vidão?

Nesse jogo
Eu não brinco
Nem faço improvisação

Sente cada suspiro
Cada sorriso
Cada comemoração

Nesse jogo eu sou forte
Eu vivo da diversão.
Libertina

Sorriso debochado
No meu Corcovado

Não quero perguntas
Nem exclamação

Se não te possuo nas mãos
Também não ocuparás o meu chão

O meu céu é perfeito
Só quero voar pelo sertão

De pára-quedas ou balão

O que importa é respingar emoção.

domingo, 14 de outubro de 2007

Recado de geladeira

Meu amor, nesses dias em que eu estarei longe, não esqueça de tomar todas as noites as suas doses de beta-resulvômetro.
E antes de ir dormir, ao acordar, depois de tomar café, antes e depois do almoço, na hora do cafezinho da tarde, depois do jantar e na hora do banho, lembre-se que eu adoro muito você!
Beijinhos da sua mulher!
Concurso V (Exclusivo!)

As inscrições para o concurso de Amarolândia foram suspensas. A decisão foi tomada neste sábado (13), durante o sono da prefeita do município. A assessoria de imprensa marcou uma entrevista coletiva para as primeiras horas do dia, mas só a repórter de política do blog ‘Amor aos Montes’ compareceu. A ausência dos outros jornalistas se tratou de um boicote. Todos queriam dar uma resposta malcriada à prefeita que vinha demonstrando ao longo dos meses preferência ao “Amor aos Montes”. A prefeita não estava a fim de falar muito mesmo e então adorou se pronunciar para uma repórter só.

Pois bem, vamos aos fatos:

A executiva municipal informou que a suspensão do concurso seguirá até que o ex-detento consiga retirar a algema prateada da mão direita. “Infelizmente não posso ajudá-lo nesse desafio, pois estaria sendo cúmplice de uma fuga. Isso atrapalharia a minha reeleição. Arriscaria muita coisa por ele, mas não posso abandonar o meu povo”, esbravejou a prefeita.

Ela revelou que sentia uma dor apertada sempre que ele tocava o rosto dela. A algema pendurada arranhava cada curva do corpo. A prefeita chegava a fechar os olhos imaginando um ferrageiro pondo um fim naquele objeto horrível. Mesmo louca por ele, a prefeita ratificou que não vai telefonar para nenhum funcionário ou eleitor que possua a máquina capaz de quebrar o ferro.

A prefeita vai se licenciar. Quer se afastar de todo e qualquer problema durante uns dias. Ela quer viajar. Deseja ouvir o silêncio. Toques? “Só o do vento no meu cabelo”. Troca de olhares? “Apenas com o próprio espelho”. E quem vai observar a sua pele macia? “O mar deserto”. Quem vai mergulhar no seu sorriso? “Só quem já for invisível”. E as palavras? Quem vai ter o prazer de ouvi-las? “Alguém que estiver perdido na areia”. E o som que escorre por sua respiração? “Só na imaginação dele”. Isso é um castigo? “Não, espaço para os pensamentos”. E vocês vão sobreviver separados? ... (ela parou por um instante e deixou uma lágrima escorrer pelo canto do olho). “A entrevista acabou” – interrompeu a assessora.

domingo, 7 de outubro de 2007

Concurso IV (EXTRA! EXTRA!)

O candidato que passou alguns dias preso na delegacia da cidade vizinha conseguiu fugir na noite deste sábado. A roupa verde dele rasgou, e ele saiu nu pelo matagal até chegar a Amarolândia. Ofegante, diminuiu a velocidade dos passos ao reconhecer a casa da prefeita. As ruas estavam às escuras. Um som sutil de televisão zoava pelas brechas das janelas da Casa Oficial. Ao ouvir sussurros, a prefeita pediu pra que desligassem a TV. Do outro lado da rua, era ele, carregado de ansiedade e cansado de tanto correr... A executiva municipal logo percebeu que se tratava do candidato que tanto esperava. E ele, ao vê-la, aproximou-se de mansinho e rasgou as palavras que há tempos entupia a garganta: “eu sou louco por você. Não consigo mais esconder isso...”. A prefeita sabia a resposta, mas naquele momento só queria sentir por todo o corpo aquelas palavras. Queria sentir cada pontada, cada picada. Estava gritando por dentro e sem nenhum barulho por fora. Uma dor que não doía, nem se descrevia. Inteligente que só ela, preferiu responder com a transferência de pensamentos. Apaixonado que só ele, entendeu direitinho, e pediu, também através de transferência de pensamentos, que ela soasse aquelas palavras que ele acabara de entender. Ela que é só ela, atendeu prontamente ao pedido, e disse via palavras que era louca por ele também.
Desafio

Nessa brincadeira
que não tem mais fim
você é o rei
e eu o jardim

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Indiferença

Esse poema não é pra ninguém
a não ser pra mim mesma
não escrevo mais pra ninguém
só pra mim mesma
e ninguém mais.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Em dias quentes, de muito sol...

Se AUGE fosse com “L”
Não precisaria do “E”
E o que você quer?

Nada de mais
Nada de menos
Só queria sentir o teu vento.

Concurso III

A amiga Francilene Oliveira (quem está concluindo especialização em Jornalismo Literário em São Paulo) falando sobre o concurso do município de Amarolândia:

- Estou ansiosa para ver o que vai dar... rsrssrsrs. bjs.

A detetive que acabou de entrar no curso do Movimento Brasileiro de Alfabetização Amorosa, ministrado no lugarejo conhecido como Encanto dos Bobim:

- E eu também... Fontes confiabilíssimas informaram que a prefeita não vai mais prorrogar as inscrições. Com o meu faro de detetive andei descobrindo também que aquela delegada (de pouca capacidade técnica-amorosa) do município vizinho não deve deixar o candidato preso por muito tempo. Caso ela não desista da prisão e se ele não conseguir fugir a tempo de efetuar a inscrição, a prefeita pretende dar um grande desfecho para essa história toda. Tive a oportunidade de conhecer a prefeita de perto. Vi que ela estudou na Sorbone, tem doutorado em Ciências Amorosas, e está "comendo" livros para o seu pós-doutoramento. Só não descobri qual é a tese. Deve ser algo do tipo: as aplicações conceituais do amor no cotidiano de uma gestora pública à procura de um servidor-padrão.

domingo, 30 de setembro de 2007

...

A paixão se esquece
O calor se enfurece
Só o doce me apetece
Se meu amor te aquece
Meu mundo enobrece
Se tu não percebe
Pega teu cavalo e segue.
Balançar dos dedos

O amor não se impõe
Não se cobra
Só sente
E quem não sente?
Até mais!

sábado, 29 de setembro de 2007

Conto

Nem da sereia
Nem da fada
Nem do vigário

Não meu
Não seu
É todo nosso.
Conta aí, vai...

Tu que não és um tonto,
não vê que é melhor viver o nosso conto?



segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A Festa do Bolinha

eu ontem fui a festa na casa do Bolinha
confesso não gostei dos modos da Glorinha
toda assanhada nunca vi igual
trocava mil beijocas com Raposo no quintal
porém pouco durou a...quela paixão
pois Bolinha com ciúmes formou a confusão
Aninha tropeçou e os copos derrubou
e a casa do Bolinha num inferno se tornou
Bolinha provou que é ciumento pra' chuchu'
e, que não gosta da Lulú
bobinha, que por êle ainda chora
com tanto pão dando bola no salão
luluzinha foi gostar logo do bolão.

(música do Golden Boys - ouvi hoje pela primeira vez, achei muito engraçadinha)

domingo, 23 de setembro de 2007

Concurso II

As inscrições para o concurso do município de Amarolândia foram prorrogadas. Até agora, há 9.999.999 inscritos. A prefeita ficou surpresa com o número de interessados, mas preocupada com o perfil dos candidatos. A maioria tem algum tipo de vínculo empregatício. E a prefeita só quer trabalhador com exclusividade. O incrível é que o único candidato que está apto para a disputa ainda não se inscreveu. Curiosos e ávidos por fofocas, os moradores da cidade sondam o motivo dele ainda não ter concretizado a inscrição. A secretária da prefeitura informou em primeira mão ao “Amor aos Montes” que este candidato já pegou a ficha de inscrição e saiu da prefeitura todo sorridente com a ficha no peito. Não se sabe ainda por que cargas d’água ele ainda não se inscreveu. A dona Bita da Baronesa revelou, também em primeira mão ao “Amor aos Montes”, que ele na realidade é louco pela prefeita e por isso tem medo de retaliações. Já a delegada da mulher Linda Alves publicou nota dizendo que está investigando o caso com delicadeza e já há indícios de que o candidato está preso em uma cidade vizinha. Quem o prendeu injustamente foi uma delegada com pouca competência para exercer o cargo. Um detector de pensamentos teria verificado que à noite, na cela, ele só pensa em se preparar para vencer o concurso e ser o homem mais estonteante de felicidade de toda a redondeza.

Regozijo

Não existe nada melhor que folgar no domingo
Há tempos não saboreava um dia assim
Ouvi músicas e mais músicas
Li minhas pilhas de revistas como há tempos não fazia
Retomei a leitura de um livro antigo
Vi notícias boas sobre amigos importantes na minha vida
Observei tranqüilamente a Maria Fernanda,
com seus três longos anos de experiência,
ligar e desligar meu computador repetidas vezes
tudo para ver o sorriso dela,
que é um dos mais lindos do mundo
ela se divertia sabendo que fazia caquinha
ela sabe que a tia é uma grande negociadora de sorrisos
bancaria o prejuízo só pra ficar degustando o riso delicioso dela
mas ela ficou séria por um instante
e aproveitei aquele momento da minha “desfragilidade”
diante da falta do riso dela,
para fazer a primeira e única reclamação.
ela que só sorri pra todo mundo
(e por isso todo mundo só sorri pra ela)
fez expressão de desapontamento,
delatou a tia pra avó
disse que a titia havia brigado com ela
como se fosse a coisa mais absurda e injusta do universo
e ela sabe dedurar tão delicadamente como ninguém
Só vendo pra ver.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sentidos

Ontem senti o gosto da solidão
É salgado
Engorda
Eu também vi
Tem uma tela bem grande
Eu cheguei a ouvir
Tem som de buzina
Sotaque mexicano
Pisadas de garçom
Só não dá pra ouvir sussurros

Senti frio
Não dá pra sentir assopros
Nem arrepios
Solidão tem gosto, cheiro, imagem, som
demasiadamente desagradáveis
O sexto sentido não sente nada
Vi pontos de exclamação,
Interrogação
Reticências
Nenhum me disse nada
Ou eu não ouvi?

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Ri (profundamente)

Estágio de vida bom
é aquele que tudo é motivo para comemorar
Estágio de vida bom
é quando a gente tira as algemas dos tornozelos
põe os óculos
e sai correndo para um lugar bem longe
Caramba

A cada dia percebo o quanto o mundo dá voltas
Quanto mais voltas dá
Mais sei o quão longe a gente pode chegar
Hoje me arrepiei ouvindo essa música:

tire esse medo da cara, não diga nada

largue esse gosto amargo do seu colar
que eu cheguei foi pra ficar,
se eu chorei foi de saudade, amor,
não foi de dor não,
se eu brinquei foi só maldade,
mas agora é calmaria

quando eu chegar na Frei Serafim
laços de fita, meu bem, acene pra mim,
não quero dinheiro, mas me vendo por inteiro
pois seu beijo é um pretexto pra eu ficar no Piauí.

não quero dinheiro, mas me vendo por inteiro
pois seu beijo é um pretexto
pra eu morar no Piauí.

(Calmaria - Vavá Ribeiro)
Bienal – versão niquim (ou nada a ver?)

Hoje caiu neve em Teresina
Eu vi
Eu estava lá
Já ouvi pastor dizer que não mente
E eu também não minto não
É verdade: eu não tenho medo
É verdade: se rocha bater não sei o que acontece

domingo, 26 de agosto de 2007

Concurso

No município de Amarolândia, a prefeita lançou um concurso nas últimas horas deste domingo (26). Por lá, são comuns essas seleções. O diferente é que agora há somente uma vaga. E já fofocam pela cidade que só um candidato está apto para a disputa. O boato deve causar conflito na região, mas a prefeita tem fama de não negociar com manifestantes. Bem humorada, ela conta que a função e o salário serão mantidos em sigilo. O candidato escolhido só ocupará o cargo se constatar que está de acordo com a Constituição do Amor Brasileiro.


Será levado em conta o homem que:
1) melhor abrir a porta do carro para a prefeita
2) deixá-la o dia inteiro de orelha a orelha
3) nas manhãs de domingo, souber deixá-la linda com apenas um toque
4) o candidato que com mais perfeição deixar a prefeita ler os seus pensamentos a exatos 13 km de distância
5) melhor descrever os seus sonhos
6) melhor arrumar o cabelo da prefeita com os dedos da mão direita
7) melhor fazer o sangue da prefeita circular
8) melhor fazê-la relaxar depois de um dia cansativo de trabalho pelo bem do povo
9) melhor aconchegá-la durante o sono
10) prepará-la eficazmente todos os dias antes de ir para a sede do Governo Municipal
11) for capaz de mostrar que é muito melhor do que qualquer exigência prevista neste edital.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Hoje eu estava com uma blusa que os botões não falavam, eram mudinhos da silva. Parei em um posto de combustível, e um amigo me avistou de longe. O dicionário diz que esse amigo é entusiasmado, arrebatado, apaixonado, extravagante. É claro que eu tirei as coisas ruins que o dicionário falou dele. Veja aí o reencontro:

Amigo
- Ei, ei! Ela me conhece!!! (disparou para o frentista e correu em minha direção todo serelepe)
- Oi, fia! Tu lembra de mim?

Eu
- Lembro, claro!

Amigo
- Viu, viu! Ela me conhece.
- Eu sou o Edivan... Eu estou andando sozinho agora, sabia? sabia?
(e o riso era maior do que o rosto dele)

Eu
- Que bom...

Amigo
- Fia, eu te amo, sabia?

Eu
- Sabia. Eu te amo também.

Amigo
- Fia, fia, tu tem o meu telefone?

Eu

- Não.

Amigo
- Tá aqui, tá aqui ele...

(Me mostrou um aparelho Nokia bem novinho e tirou um monte de papéis do bolso. Em um deles tinha o número do celular, o nome completo e o endereço da casa dele.)
- É esse aqui, fia, anota aí!

Eu
- Vou gravar no meu celular.
(E gravei toda interessada. Já ele ria tanto que eu não tinha como tirar a minha atenção dele. Mas lembrei do meu compromisso e liguei o carro.)

Amigo
- Fia, fia... E o teu telefone qual é?

Eu
- Ah, claro...
(Aí gravei um número que ele poderia me localizar. Avisei que eu tinha que ir. Ele concordou numa boa e fez sinal de despedida.)

Amigo
-Ah, fia, eu te amo, viu? E me liga...
(Eu já estava distante e só sorri.)


Chegando em casa, lembrei de uma frase que diz “Para amar, basta sentir. Não é preciso explicação, nem justificativa, nem motivo. O amor é simplesmente o amor.” (tirada do livro O Preço de Ser Diferente)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Conversa com os botões

Hoje eu estava com uma blusa toda florida e cheia de botões. E não é que os botões começaram a conversar? Olhe só:


Botão 1:
- hoje eu queria que você me deixasse bem longe da minha casinha.

Eu:
- tudo bem, sem problemas, agora mesmo...

Botão 2:
- já eu posso ficar bem grudadinho na minha casinha, mas queria uns dedinhos diferentes tocando em mim logo mais...

Eu
- (fiquei em silêncio, não sabia o que responder).

Botão 3:
- ôouu! acho que o Botão 2 falou alguma besteira.

Botão 4:
- nada disso, eu também bem que queria uns dedinhos diferentes tocando em mim...

Botão 5:
- Deixem de assanhamentos!!! Eu que sempre sou deixado por último posso boicotar vocês, agarrar na minha casinha, ficar bem agarradinho nela e só largar daqui quando algum conjunto de dedinhos me convencer que eu vou sempre ser tocado, girado e desgarrado em primeiro lugar.

domingo, 19 de agosto de 2007

O homem que trocou um sonho por um conto de réis

Em 1816, contam por aí, um homem cheio de virtudes trocou o sonho de um grande amor por um conto de réis. Tinham prometido a ele que com o dinheiro ele teria tranqüilidade pro resto da vida. Ao seu lado, havia uma mulher sem muitos atrativos, porém calma e herdeira de um senhor cheio de contos de réis. Do outro lado da cidadela, morava a mulher dos seus sonhos: bonita, delicada, sábia, sexy e adorada por todo o lugarejo onde ela vivia. Ele adorava a voz, o sorriso, o cheiro, o caminhado, o jeito como ela tocava os talheres, o olhar, a forma como ela tratava as pessoas, e ficava impressionado como ela era capaz de fazê-lo se sentir feliz antes, durante e depois... Porém, ele teve medo. E passou a acreditar fielmente no que tinham prometido a ele. Passou alguns dias pensando, pensando... e decidiu: ia ficar com o conto de réis, garantido pela moça filha de um homem rico da cidadela onde moravam. Os dois ficaram noivos, casaram, tiveram dias felizes, mas logo nos primeiros meses do casamento veio o arrependimento. Mas uma de suas grandes virtudes era ser um homem de palavra firme, então não poderia voltar atrás. Além disso, não teria coragem de magoar a esposa. Mesmo sem trocarem palavras, a mulher do outro lado da cidadela sentia toda a angústia do seu amado, mas ela não teve tempo de dizer a ele que só ao lado dela ele teria a força e a coragem que seriam necessárias caso um dia ele quisesse voltar atrás.
Por quê?

Por quê? Por quê? Por quê? Por que a vida é tão cheia de porquês? Porque sem porque não têm porquês. O bom é saber que em algum lugar há uns porquêzinhos ou porquêzões. Porque não tem graça ser feliz sem por quê. Porque tudo fica lindo quando há aqueeele por quê... E aquele por quê tem um sorriso tão lindo, digno de encher os olhos de porquês... E eu que nunca vi um porquê me fazer tão feliz...

sábado, 18 de agosto de 2007

Sobre os julgamentos (e sobre a 'Carta aos homens')

"Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: não julgar, definitamante não julgar a quem quer que seja" - Chico Xavier

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Carta aos homens

Observo mulheres a minha volta e vejo o quanto elas são fortes e especiais. Umas marcam cerrado nos maridos. Outras morrem de ciúmes dos namorados. Umas os deixam completamente à vontade. Estas confiam no amor que sentem e acreditam que são verdadeiramente amadas. Algumas são mulheres “feminilescamente” amélias, outrora sedutoras, sexys, carinhosas, amigas ou donas da direção. Algumas vezes, fazem tudo o que seus homens querem. E deixam seus homens fazerem tudo o que querem delas. Tudo por amor. Tudo, porque o amor não tem medida, nem peso, nem tamanho. Amam os seus homens com todas as suas forças, mesmo depois de anos de casamento. Eles se sentem felizes ao lado delas, e alguns fazem juras de amor eterno. Quando suas mulheres esfriam, eles remam como os irmãos Grael. A maioria acha que o remédio para qualquer cara feia é fazer tudo que a mulher quer. Sobre essa máxima, ora elas acreditam, e ora elas apenas fingem. E eles nem percebem o quanto elas são capazes de enxergar os seus âmagos e de permanecerem silenciosas. Amélias? Sábias? Ou o quê? As boas atrizes passam dias sorrindo. As que não suportam qualquer tipo de simulação trancam os ferrolhos de suas janelas, colocam os cadeados nas portas e escondem bem escondidinhas as chaves. Os corações ficam feitos rochas diante dos seus homens. E eles, silenciosa ou escancaradamente, se desparafusam. Mas aí a generosidade abre as portas para o perdão. Nos intervalos de abres e fechas, homens fazem promessas: traição nunca mais! Mas, volta e meia, acabam se rebaixando à sensualidade de outra mulher. E, infelizmente, acabam perdendo valiosos pontos para a entrada em um mundo mais feliz. Uns se enchem de culpas. Outros acham que é coisa de homem. Ambos acreditam que não podem mudar. Homens especialíssimos, elegantes, ou simplesmente bons. Homens que são exemplos. Homens com cara de santos. Homens-anjos. Homens sábios. Apaixonados. Vi vários desses. Por uns apostei todas as fichas. E, bingo! não ganhei uma. Mas, um amigo, com cara de anjo, me encheu de esperanças, contou a história de um homem que verdadeiramente vale a pena para a sua mulher. E eu, que tenho que honrar a classe das amélias, tenho obrigação de acreditar.
Skinimarinki

Skinimarinki dinki din
Skinimarinkidu
Te amo (Te amo)
Skinimarinki dinki din
Skinimarinkidu
Te amo
Te amo de manhã
E quando a tarde vem
Te amo à noitinha
Quando a lua vem
também
Skinimarinki dinki din
Skinimarinkidu
Te amo

(Xuxa - do DVD da Maria Fernanda, minha sobrinha)

domingo, 12 de agosto de 2007

Tic-Tac

eu não sei o que fazer com o tempo, então às vezes não faço nada.
parada, silêncio, não ouço nem falo, não me mexo nem mexo.
também não sei pra que inventaram aquilo redondo com aqueles números...
às vezes, gente que também não sabe o que fazer com o tempo faz uns negócios daquele quadrados.
já vi uns deles em paredes.
em cima de redes eu nunca vi... ainda bem, assim fica mais fácil dormir.

não sei se me desligo de todos os mundos
ou se deixo um dos mundos se ligar em mim
não sei se relaxo
ou se faço o meu mundo penetrar em mim.

sábado, 11 de agosto de 2007

Meus cavalos...

Quero ter uma fazenda
E cavalos. Muitos cavalos
Quero viajar sem dia pra voltar
Quero ajudar os pobres a levantar
Quero conhecer o mundo, os povos
As sensações de dor e felicidade
Quero sentir orgasmo
Quero amar, ser amada
Quero poder enxergar as pessoas
e não apenas o meu próprio umbigo
Quero me divertir
Fazer o meu amor rir
Quero sentir o suor do seu corpo cair sobre mim
Quero lhe ouvir chorar
Chorar de amor
Quero sentir o brilho dos seus olhos penetrar a minha alma
Não quero sentir arder o meu fígado!
Só pra você

Vontade de vestir
Vestido mulher
Vestido de beijo

Vestido de vento
Vestido de abraço
vestido de laço

Viro de lado
Ele me olha engraçado
E eu digo não

Digo não
Digo sim
E ele diz que quer um pedaço de mim
Mas o meu vestido eu não tiro não

Ele sorri
Diz que tem dó de mim
E eu não resisto não

O meu vestido ele tira
E com vergonha eu não fico não

Diz que não vai me esquecer
Que quer me entender
Mas eu digo não

Quer comigo viver
Pra todo dia ver
O meu vestido no chão

Mas eu digo não
Mas eu digo não
Mas eu digo não

De vestido ele adora
E eu que dou bola
Pra tanto tesão

Queria esquecer
Mas dele eu não posso não

Conversa de senhoritas

Ô, senhorita Incerteza! Ô, senhorita Dúvida! Por que vocês existem? Desculpem o meu egoísmo, mas por que vocês não me deixam em paz com o meu amor? Ah, tá... então querem que eu acredite que vocês são importantes??? Logo vocês, madame Incerteza e madame Dúvida, que não têm certeza de nada, querem que eu, Senhorita Firmeza, acredite nessa bobagem toda?
Greve não

Preciso de nOs2./ Quero nOs2./ Desejo nOs2./ Respirar nOs2./ Sentir nOs2./ Tocar nOs2./ Beijar nOs2./ Acariciar nOs2./ Pegar nOs2./ Dormir nOs2./ Sonhar nOs2./ Acordar nOs2./ Amar nOs2./ Sempre nOs2./ Sempre nOs2./ Sempre nOs2./ Ainda nunca nOs2.
Só quero...

Hoje sem motivo nenhum decidi desmarcar a minha aula de Inglês... Mas, ora bolas, por que o espanto? Estou de férias e férias são férias... Quero fazer tudo que me der prazer, tudo que me der sede de viver, tudo que me der fome de ser, tudo que não me deixar parar de rir, tudo que me arrepiar, tudo que não me cansar, tudo que me fizer delirar, tudo tudo tudo que me der tudo, tudo que me tocar a língua, tudo que me beijar o cabelo, tudo que me cheirar a nuca, tudo que me apreciar por inteiro, tudo que não seja normal ou igual, tudo que me der desejo, tudo que me der vontade, vontade de querer mais, e mais e mais e mais... não quero saber de contar, nem quero saber de pensar, nem quero saber de calcular, nem de raciocinar... nesse mês não quero olhar pro relógio, nem pra carteira, nem pro amanhã... nesse mês eu só quero viver...

Escrito em junho de 2007.